Axé é uma saudação religiosa usada no
candomblé e na umbanda,
que significa energia positiva.
Depois que Daniela Mercury chegou ao
Sudeste com o show que a
estouraria nacionalmente, O Canto da
Cidade, tudo o mais que
veio de Salvador começou a ser chamado de
axé music. Em pouco
tempo, os artistas deixaram de se importar
com a origem
debochada do termo e passaram a dele se
aproveitar. Por
exemplo, a Banda Beijo, do vocalista
Netinho, simplesmente
intitulou de Axé Music o seu disco de 1992.
Com o impulso da
mídia, essa trilha sonora da folia de Salvador
rapidamente se
espalhou pelo país (com os carnavais fora de
época, as micaretas)
e fortaleceu-se como indústria, produzindo
sucessos o ano inteiro
ao longo dos anos 90. Testadas no calor da
multidão na Praça
Castro Alves e na Ladeira do Pelô, as
músicas dos blocos e bandas
responderam por alguns dos grandes êxitos
comerciais da música
brasileira na década. O ano de1998 foi,
particularmente, o mais
feliz para os baianos: Daniela Mercury,
Banda Eva, Chiclete com
Banana, Araketu, Cheiro de Amor e É o Tchan
venderam juntos
nada menos que 3,4 milhões de discos.
Uma nova geração de estrelas aparecia para
o Brasil Chiclete com
Banana (que vinha de uma tradição de
bandas de baile, blocos
afro e trios elétricos) e Margareth Menezes,
a primeira a
engatilhar carreira internacional.
Enquanto o axé se fortalecia
comercialmente, alguns nomes
buscavam alternativas criativas para a
música baiana. O mais
significativo deles foi a Timbalada, grupo de
percussionistas e
vocalistas liderado por Carlinhos Brown (cuja
Meia Lua Inteira
tinha estourado na voz de Caetano), que
veio com a proposta de
resgatar o som dos timbaus, que há muito
tempo estavam
restritos à percussão dos terreiros de
Candomblé.
Enquanto isso, os nomes de sucesso da
música baiana se
multiplicavam: aos então conhecidos Banda
Eva, Bamdamel,
Araketu (que em 1994 vendeu 200 mil cópias
do disco Araketu
Bom Demais), Chiclete com Banana e Cheiro
de Amor, juntaram-
se o ex-Beijo Netinho e os grupos Jammil e
Uma Noites, Pimenta
N´Ativa e Bragadá.
Foi em 1995, porém, que deu as caras o
maior fenômeno comercial
de Salvador. Em seu terceiro disco, o grupo
Gera Samba estourou
o sucesso É o Tchan.
Dançarinas como Carla Perez (loura) e
Débora Brasil (morena).
Entre um "segura o tchan" e outro, a banda
teve que mudar de
nome, processado por um outro grupo, de
um irmão do integrante
Compadre Washington. Rebatizado de É o
Tchan, o antigo Gera
Samba inaugurou a face do axé music, de
ênfase nas coreografias
libidinosas em detrimento à musica (que
ainda assim trazia uma
sólida base de samba de roda) e as letras.
Com toda a face
showbiz a que tem direito (realizaram-se
concursos na TV para a
escolha da morena e depois da loura que
iriam substituir Débora e
Carla), e uma fileira de sucessos produzidos
em série (Dança do
Bumbum, Dança da Cordinha, Ralando o
Tchan, É o Tchan! no
Havaí, A Nova Loira do Tchan...), o grupo
bateu a barreira do
milhão de discos vendidos.
Com o Tchan, disputaram público na segunda
metade dos anos 90
nomes como Netinho (Milla, Fim de
Semana), Araketu (Mal
Acostumado) e Terrasamba (Liberar Geral,
Carrinho de Mão),
Banda Eva (Beleza Rara, Carro Velho), entre
outros. A
superexposição nos meios de comunicação e
as pressões da
indústria inevitavelmente levaram o axé ao
topo das paradas.
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